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Noite fria


Bebi uma dose de tristeza,
não converso sobre mim.
A solidão sempre me visita,
converso com o olhar.
Poesias iguais e distintas.
O silêncio parece ácido.
Quem me faz falta?
Tudo aparece tão frágil.
As rimas, tolas, calam.
Luzes negras na sala,
sou ainda uma ilusão.
Nunca peça versos prontos,
a razão transforma tudo,
eu sempre mudo no final.

Ar!?


Riscaram as ideias
Estranhos sonhos vagos
Ser só e enxergar
Pensar sem refletir
Invariável sentido
Raízes para o chá
Em breve o fim

vírgula!?


Indecências urbanas

Novas regras velhas
Sempre será nunca
Pregos e martelos
Incertezas óbvias
Rubricas do final
Existir e sumir

Madeira


Gosto do ser só,
responder sem pensar,
triste ou alegre,
não importa.
Novidades na rotina
são invenções antigas,
rimas desiguais.
Sabores amargos
trazidos para mim
pelos versos da ventania.

Auto-ajuda


Exclamações a vista.
Misturo os meus sentidos
em cartas suicidas.
Uso um desbotado terno.
A chuva cai triste,
um único final.
Filmem os vestígios:
a máscara suja,
o sentimento de medo.
Trocando as cortinas,
colocando interrogações.

Alguns versos esquecidos
dentro de poucas metáforas
variam pela tangente
da última estrofe.
Já não podem rir,
nem enxergar nada.
Divertem-se com ironia.
Esquecidos, tornam-se, anônimos,
assim, esquecem o final.